domingo, 19 de maio de 2013

Por aí...

Desde que comecei a labutar na Defensoria Pública da cidade de São Paulo, tenho cotidianamente me comprometido com a defesa do pobre e oprimido, independentemente do pouco que ganho ou de quanto é apertado o meu orçamento, eu tenho um prazer solitário e solidário a independência do meu trabalho e com a imensa satisfação de proteger os desprivilegiados.

Tenho aprendido tudo do modo mais difícil, tenho sujado as mãos e feito disso um treinamento necessário para me lançar em carreiras promissoras em um futuro próximo. Alguns me acham louco, pela média de horas trabalhadas e pelas notas que tive na universidade, alguns desapontam meu terno surrado e os nós tortos de minhas gravatas, sim, principalmente os pais ricos da minha namorada.

Há tempos venho desapontando os senhores Menezes, (1) pelo pai de Rebecca ser sócio do maior escritório de São Paulo e querer um advogado talentoso e jovem trabalhando com ele, (2) por não ter condições de dar à filha amada e querida o status com o qual ela sempre foi acostumada a ter, (3) por estarmos juntos há cinco anos e em momento algum ter cogitado sequer um noivado. Na verdade, isso já está deixando-a irritada, quiça, sem palavras. Já faz uma semana que não retorno suas ligações, meu café está frio.

Ainda tento entender as contradições de meu coração, o revirar do estômago enquanto bebo nas madrugadas frias e agora solitárias enquanto ela se diverte com as amigas em algum pub recheado de riffs e solos de guitarra.

Enquanto trabalhava pude ver a Virada Cultural da janela do prédio da Defensoria neste domingo e todos os rostos me pareciam de Rebecca, e todos os namorados juntos pareciam nós dois, mas meu silêncio trouxe o paradigma de que talvez ela esteja bem, talvez esteja melhor sozinha do que com a minha companhia.

Trabalhei mais de nove horas em um domingo, cheguei em casa e a secretária eletrônica acusava uma mensagem de voz...

[continua]

2 comentários:

Fulano disse...

A mensagem de voz, pensado em ser de Rebecca, percebeu que era apenas mais um maldito telemarketing. kkkkk

Tá excelente. O suspense dá um ar ótimo ao romance.
Cada dia melhor cumpadi!! Parabéns!

Leo Stortti disse...

Rs.. Fulano sempre falando besteira rsrsrs.

Grande texto, irmão.. já aqui aguardando a continuação!!!!